quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Fundada há 60 anos a República Democrática Alemã

Nos últimos meses, na República Federal Alemã (RFA), se utiliza um gigantesco aparato propagandístico para recordar o 60º aniversário de fundação da República Democrática Alemã, a RDA.Por Nina Hager *, para o Tribuna PopularOs 60 anos de existência da República Federal, capitalista, são pintados como uma história cheia de exitos puros, sem opção; enquanto isso, a RDA é pintada como uma nação fúnebre, imobilizada, um país de injustiça e da "segunda ditadura".Nesta RFA fazem esforços gigantescos para calar não apenas o passado fascista como também a responsabilidade que lhe corresponde ao capital alemão pelo que se iniciou em 1933, pelo 1º de setembro de 1939, tratando-se — igualmente — de deixar de lado suas implicações e de silenciar as causas originárias da divisão da Alemanha.A intenção evidente: fazer com que todo mundo acredite que nunca existiu um estado alemão, a RDA, onde as pessoas não tinham medo de perder seu trabalho ou sua residência, onde a educação não dependia do que você carregava na carteira, onde a política de paz e antifascismo era razão de Estado.Entre dois sistemas antagônicosDepois de derrotado o fascismo alemão, em maio de 1945, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação.Nas zonas de ocupação estadunidense, britânica e francesa muito rapidamente se empreenderam os passos para restaurar o capitalismo, contando com o apoio das potências ocupantes. Durante a Guerra Fria, foram os Estados Unidos e os outros países capitalistas os líderes daquela época, utilizando na Europa todo o potencial político e econômico da Alemanha Ocidental contra a União Soviética e os países de democracia popular.Mais tarde — acompanhando a fundação da República Federal Alemã em 1949 — os nazis de antanho voltaram a ocupar seus cargos e postos: na indústria, na política, nas estruturas jurídicas e militares e nos serviços secretos.Diferente do desenvolvimento na zona de ocupação soviética. Conforme as resoluções do Acordo de Potsdam e apoiado pela URSS, se optou por uma via de desenvolvimento democrático-antifascista.Se efetuaram reformas fundamentais, mais adiante elas foram determinantes para a construção e a política da RDA. Entre elas figuraram a reforma agrária, a expropriação dos criminosos nazistas e de guerra de suas empresas. Se transformaram em propriedade social os meios de produção mais importantes. Foi executada uma reforma transcendental da educação fundamental, média e superior; garantiu-se a igualdade de gênero, foram criados os direitos das jovens gerações. Tudo isso incluia uma sistemática educação antifascista.Naqueles anos, foram criadas as bases de uma nova política externa, do respeito consciente ao Acordo de Potsdam, o reconhecimento das fronteiras resultantes da Segunda Guerra Mundial, a criação e manutenção de relações amistosas com todos os países, sobretudo com a URSS, o compromisso de disponibilizar toda a força do país em prol da paz.Em 7 de outubro de 1949 foi fundada a RDA, fato que aconteceu em condições políticas e econômicas extremamente complexas, como situar-se no limite entre dois sistemas sociais antagônicos. Nos anos seguintes, a União Soviética e a RDA apresentaram repetidas vezes propostas no sentido de estabelecer uma Alemanha reunificada, neutra e desmilitarizada.Uma experiência socialistaA RDA, menor e economicamente muito mais pobre, comparada com a RFA, pode existir e desenvolver-se somente com o apoio dos povos soviéticos e dos povos das democracias populares em desenvolvimento e, mais adiante, por ser parte da comunidade de países socialistas.O programa do DKP (Partido Comunista da Alemanha, na sua sigla atual em alemão), diz respeito às conquistas e progressos da RDA: "A República Democrática Alemã, sob a liderança do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA), colocou limites ao poder do imperialismo alemão. Durante quatro décadas, em uma parte da Alemanha foi removido o domínio dos monopólios e dos bancos. A libertação do fascismo abriu ao povo alemão possibilidades favoráveis para a criação de uma ordem democrática-antifascista em toda a Alemanha. Entretanto, esta oportunidade só foi aproveitada de modo consequente na parte oriental da Alemanha, ou seja, na zona de ocupação soviética, que logo se transformou na República Democrática Alemã. Com a RDA, constituiu-se no território alemão uma alternativa socialista ao imperialismo alemão. A RDA, seu antifascismo consequente, sua luta pela paz, pela distensão e pelo desarmamento, assim como a realização de direitos sociais elementares, formam parte das conquistas mais importantes do movimento operário alemão e são parte do patrimônio humanista na Alemanha".Derrota, memória e certezaTanto mais amargo que o fim e a derrota do socialismo na Europa, foi o fim da RDA.Decisivos para isso foram o atraso econômico e a baixa produtividade da economia nacional da RDA em comparação com a RFA. Entretanto, em 1989 a RDA estava entre as 20 nações industriais mais fortes do mundo.De importância essencial foram uma democracia deficitária e outros aspectos deficientes.A razão interna principal para a derrota do socialismo real na Europa e também na RDA consiste no estancamento crescente das relações sociais. Não se conseguiu dar ao socialismo, na base de seuis próprios princípios e de acordo com o nível de desenvolvimento alcançados, estímulos revolucionários de desenvolvimento cada vez mais novos.Desde meados dos anos 1980, ou mais tardar, o desenvolvimento social estava paralizado.No verão de 1989, quando o governo da URSS, sob o reformista Gorbachov "desistiu" da RDA, o "destino" do país foi selado.A união monetária e econômica realizada no início de 1990 significaram a tomada de posse da RDA pela RFA; a entrega da Alemanha Oriental ao grande capital.As questões de poder e propriedade estavam resolvidas então, a favor dos grandes monopólios, os bancos, financeiras e corretoras de seguro.Em 2 de outubro de 1990 a RDA se "associou" à RFA, de acordo com o artigo 23 da Constituição da RFA.Desde então, os que estão no poder na RFA fazem o possível para deslegitimar e difamar a RDA, para mudar a história.Não obstante, não conseguiram nem extinguir a memória nem a certeza de que o socialismo é, sim, viável.(*)Vice-presidente do Partido Comunista Alemão (DKP).

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